ϟ Sonho de Jornalista

             

Promessa é dívida!     

Estudantes fazem protesto pacífico afim de derrubar o aumento das passagens na região.

                Se você der uma olhada no dicionário vai entender que a palavra democracia tem como base de seu significado, a influência do povo no processo de participação do governo, principalmente em suas decisões. Vale recordar dos anos passados, a dificuldade da liberdade da opinião pública dentro do estado. Dias em que se resumiam em repressão, onde era controlada pela violência e o silêncio tinham que ser mantido, mesmo quando a última opção era às pauladas, prisões ou até mesmo a morte. E a única forma encontrada como protesto era quando obras de artistas eram criadas propositalmente em duplo sentido tentando alertar aos mais atentos, como nesse trecho na música de Chico Buarque – Cálice (Cale-se). “Pai afasta de mim esse cálice. De vinho tinto e de sangue”...

              Hoje, estamos no século XXI, e quase 50 anos após essa mancha na história do Brasil, presenciamos cenas fortes que nos lembram desse passado assustador. Caminhando pelas ruas do Recife, desde sexta-feira (20) dava para perceber a aflição dos estudantes que participavam de protestos contra o aumento das passagens na capital pernambucana. Detidos, presos, cuspidos, agredidos com spray de pimenta, foram assim tratados. Sangue jorrava de suas cabeças, mas não desistiam, era um movimento pacífico onde só queriam que fossem ouvidos. Mas, a polícia de forma bruta tentava acabar com a confusão, onde acreditava que o santo remédio seria a violência a integridade humana. Flores eram jogadas pelos idealistas nos escudos, a fim de afirmar que eles também faziam parte do objetivo assim lutado. Mas, mesmo assim eles arrancavam a dor e agonia de cada um que tentava ter a liberdade de expressar sua opinião, enfim sua indignação.

              O que não fica claro, sobre esse aumento é de como é usado esse dinheiro tirado no bolso de cerca de 2 milhões de usuários que utilizam os 3 mil ônibus, divididos em 365 linhas, que realizam cerca de 26 mil viagens por dia. Quem é passageiro e enfrenta a lotação dos ônibus sabe da situação, e presencia a falta de estrutura dos transportes. Para termos uma ideia fazendo um cálculo rápido, mesmo com o aumento do salário mínimo para R$ 622,00 as passagens nos tomam mais de 30% do nosso orçamento. Ou seja, como pais de família que dependem desse veículo para irem ao trabalho, vão se sustentar se quase da metade do salário vai embora por causa desse imposto? Só as autoridades que podem responder, porém preferem acreditar que nada está acontecendo, onde essa situação apenas retrata jovens rebeldes que querem chamar a atenção do poder público e da imprensa.

         Ao ver um programa de televisão, um jornalista comentava sobre o caso, e querendo trazer IBOPE, fez uma enquete ridícula mostrando sua falta de profissionalismo mantendo a posição de passar informações tendenciosas aos telespectadores. Disse que o protesto era um gancho político, só por que estudantes vestiam camisas do PSTU. O que vale lembrar é que as revoltas dos jovens onde, alguns apóiam o partido é referente a propostas sempre defendidas, das quais o atual governador Eduardo Campos usou em sua candidatura ao dizer sobre o congelamento das tarifas de ônibus. Outro ponto negativo do jornalista foi o seu “apoio” ao policial em que foi flagrado arrastando uma mulher durante o confronto e a foto foi uma das mias circuladas nas redes sociais. “Ele estava tentando conter a mulher”, disse ao ver a imagem.

          Procurando na internet, lembrei do período de candidatura do nosso governador que fez juras sobre esse contexto e prometeu algo que não cumpriu e que não poderia.  Sim, não poderia pelo simples fato de que é impossível congelar esse imposto, pois a população cresce a cada ano, então o aumento é necessário para manter o transporte público. Porém, sem qualidade gera a imoralidade. Se esse reajuste é preciso que sejam analisadas as condições da população e se será acessível, assim, como sua utilização. Agora, o que temos fazer como cidadãos é antes de eleger um candidato, analisar suas propostas e ver se elas são possíveis de serem concretizadas.