Copa 2014
Arena Pernambuco x Arena Coral
Matéria Especial mostra que a construção do "Eduardão" dispara em desvantagens
Arena Pernambuco x Arena Coral
Matéria Especial mostra que a construção do "Eduardão" dispara em desvantagens
A Copa do Mundo é o maior evento esportivo do planeta, uma oportunidade rara que tem como principal objetivo trazer movimentação turística e econômica para o país. O Nordeste celebra essa conquista, principalmente o estado pernambucano. Não faltam motivos para ter sido escolhido como uma das sub-sedes da Copa de 2014. É palco de uma cultura criativa e rica de diversidades, e que tem uma paixão sem limites pelo futebol sendo reconhecida por todo o Brasil.
O PROJETO
O projeto apresentado pelo governador Eduardo Campos, juntamente com o presidente da Federação Pernambucana, Carlos Alberto Oliveira seria a construção da Arena Capibaribe “Duduzão” (já se deve imaginar pra quem é a homenagem) em São Lourenço da Mata. Dentro do pacote, vai à construção de uma região feita inteiramente para o mundial. Com direito a shopping, hospital, escola técnica para melhor estrutura que é desfavorecida na região. Um bairro de R$ 1,5 bilhão.
A CONTRARIEDADE I – CIDADE SEDE
Certamente muitos cidadãos pernambucanos ficaram insatisfeitos com essa decisão e se perguntam: “A capital não tem capacidade para um evento desse porte?” Tem sim, senhor. E razões estratégicas que justificam essa escolha. A localização é um exemplo. A capital pernambucana é um dos destinos brasileiros mais próximos de grandes centros como: Miami, Lisboa, Paris e Londres. É próxima das metrópoles como: Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo. Recife também se enquadra no contexto regional que se une as seis capitais nordestinas – seis aeroportos, cinco portos sendo um fluvial abrangendo 20 milhões de pessoas que representam 90% do PIB do Nordeste. Isso trazendo um avanço avassalador para a economia, gerando empregos e renda para todos.
A CONTRARIEDADE II – ARENA
A arena é avaliada no valor de 500 milhões com a capacidade para 46 mil pessoas. Estádio com pouca capacidade de público e um alto custo de execução. Isso faz dela a mais cara em valores relativos e a segunda mais cara em valores absolutos, perdendo apenas para a Arena Nacional de Brasília, que está orçada em R$ 580 milhões. Como se era de esperar a oposição apóia em outro projeto. Por que não valorizar os estádios já existentes? Mesmo tendo orçamento, a lógica administrativa é de economizar. Outro aspecto a ser analisado é o retorno dos investimentos. Segundo o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, um estádio que é avaliado em R$ 500 milhões teria que render em torno de R$ 60 milhões por ano.Outro estudo que li foi que, para uma nova arena deste porte ter renda, seriam necessários 60 jogos por ano, com uma ocupação superior a 60% e ingressos vendidos a R$40,00, algo pouco viável na maioria das cidades brasileiras. Isso mostra que o projeto do “Eduardão” é inviável.
OPOSIÇÃO APOIA CONSTRUÇÃO DA ARENA CORAL
O projeto apresentado pela oposição tem como alternativa reformar o estádio do Arruda, onde seria adaptado para as necessidades para a realização da copa. E investiria também nos outros estádios: Ilha do Retiro e Aflitos (Recife) e Luiz Lacerda (Caruaru). Por incrível que pareça as obras custariam R$ 325 milhões, sendo R$ 195 milhões para o Arruda (palco dos jogos da Copa) e R$ 130 milhões na adaptação dos outros três estádios para os treinamentos das seleções que vêm a Pernambuco.
“É uma alternativa racional e econômica, que evita o desperdício de dinheiro público e deixa quatro estádios de Pernambuco em perfeitas condições para o futuro”. disse Augusto Coutinho líder da bancada da oposição.
GOVERNADOR RESPONDE E JURISTA REBATE.
Como se era de esperar o governador respondeu a bancada da oposição. O motivo pela qual nem sequer cogitou o projeto do estádio do Arruda como sede é pelo fato de que o estádio do Arruda, assim como os Aflitos e a Ilha do Retiro, são propriedades privadas e, assim sendo, o Governo do Estado não poderia investir um centavo sequer nos mesmos. Porém utilizou um argumento frágil demais. Juristas afirmam que não há impedimento nenhum do governo para reformar o estádio. “haveria um contrato onde o Estado investiria, e o Santa Cruz daria uma contrapartida, que poderia ser facilmente desenhada”, disse um dos mais renomados advogados de Pernambuco. E foi mais além, respondendo com uma pergunta: “o Governo não aluga imóveis? E não faz reforma nos imóveis? É a mesma coisa. A única diferença é que o fim precisa ser público. O Santa Cruz, por exemplo, pode colocar o estádio à disposição do Governo para a Copa do Mundo. A decisão é política, no sentido amplo, não há problema jurídico. Várias soluções poderiam ser dadas.”.
ELEFANTE BRANCO?
O medo era que isso acontecesse e todo o investimento fosse pro ralo. Foi daí que o governador teve a ideia radical: Condicionar verba a uso da nova Arena. Como assim? Sancionou uma lei que obriga os clubes do Recife a mandarem seus jogos para Arena para receber o dinheiro do programa “Todos com a Nota”. Ou seja, só ganha se jogar lá”.
O programa, criado em 2008, permite que o torcedor troque notas fiscais por ingressos de partidas de futebol. As notas devem somar R$ 100 por cada ingresso. Isso prejudica a mim, a você e a todos os torcedores! O náutico, suspeitamente já confirmou contrato trocando o antigo estádio pela Arena, e já se beneficia como disse o advogado Ivan Rocha. Ele foi perguntado se prejudicaria o Náutico se o Spot, e Santa Cruz fizessem o mesmo, e respondeu dizendo: “Não há problema. Afinal, como acertamos primeiro, temos algumas vantagens. O Náútico terá a preferência de datas dos jogos. Além disso, as propostas comerciais feitas para o Náutico serão sempre as maiores", disse Ivan. (Essas frases sublinhadas me chamam atenção. Daí notasse a preferência de Eduardo Campos).
Se for pra beneficiar os clubes, isso é diretamente também com os torcedores, que logo são cidadãos que seja para todos. Os dois clubes, não se posicionaram dizendo que o assunto é precoce, e acredita ainda em uma posição melhor do governador.
Mas, perante isso o presidente do Santa Cruz, Antônio Luiz Neto, já afirmou que não tem lógica transferir os jogos se os dois times possuem estádio. Segundo cálculos da reportagem, Náutico, Sport e Santa Cruz sediam, juntos, 81 partidas, considerando as primeiras fases da Copa do Brasil, do Pernambucano e das Séries C e D, além das Séries A e B. Se o Santa Cruz subir para a Série B em 2013, o número chega a 96 partidas. Em ambos os casos, os prejuízos podem ser altos. Em jogos importantes mandados em seus estádios, como as finais do Pernambucano deste ano, o Sport faturou R$ 616 mil com bilheteria, e o Santa Cruz, R$ 1,18 milhão. Imagina só se transferissem no caso, do time tricolor e rubro-negro o prejuízo!
SINAIS RECENTES
Secretário estadual, Ricardo Leitão já admite que Arena Pernambuco, não estará concluída no prazo estipulado. Praticamente fora da Copa das Confederações. Pois a obra só atingiu 22% do planejado.
Agora a única saída, é esperar e vê se realmente foi uma boa ideia esse projeto da Arena PE, se os prazos serão cumpridos, e as metas estabelecidas alcançadas. Sendo abandonadas tais convicções, o estado perderá sua credibilidade de planejamento e execução, e o país levará até fama de irresponsabilidade.
Agora a única saída, é esperar e vê se realmente foi uma boa ideia esse projeto da Arena PE, se os prazos serão cumpridos, e as metas estabelecidas alcançadas. Sendo abandonadas tais convicções, o estado perderá sua credibilidade de planejamento e execução, e o país levará até fama de irresponsabilidade.
Muito interessante as considerações... parabéns!
ResponderExcluirObrigado querido!
ResponderExcluirFoi uma pesquisa bem profunda, me dediquei dias a ela.
Fico feliz por ter gostado!
Abraços.
Parabéns!!!
ResponderExcluirMatéria muito esclarecedora e objetiva.
Faço minha as suas palavras.
ResponderExcluirObjetividade, era o que eu queria transmitir, se conseguir fico satisfeita!
Mais uma vez agradeço (:
Parabéns pelo texto Sabbahana mas gostaria, de fazer algumas colocações.
ResponderExcluir1. Apesar do Governador Eduardo Campos ser alvirrubro, a vantagem dada ao Clube Náutico Capibaribe deve-se ao fato de ser o clube que possui a menor infraestrutura entre os outros clubes da capital. Menor capacidade de público, sem condições de ampliação do estádio - haja vista o estádio localiza-se em área extremamente residencial e com dezenas de edifícios, tendo assim que ser feita a demolição dos mesmos para fazer um aumento da capacidade de público, o que é extremamente inviável.
2. O estádio do Arruda pode ter uma força de capacidade de público incrível, a maior do Estado, porém o acesso, além das poucas opções de estacionamento fazem com que se torne algo complicado. Além disso nos arredores do estádio há uma maciça presença de favelas, e como evento esportivo que atrai milhares de turistas teria que ser feita a desapropriação de terrenos, o que também geraria transtornos.
3. O primeiro projeto de construção de estádio para a Copa 2014 foi feito para o Complexo de Salgadinho, em Olinda, que não foi levado adiante porque a desapropriação de terrenos seria algo burocrático, ratificando assim a última colocação.
No mais, parabenizo os seus textos muito bem desenvolvidos e escritos. Sucesso!!!
Parabéns, bela matéria. :D
ResponderExcluirObrigada mesmo Matheus, mas pelas suas considerações a minha reposta:
ResponderExcluirO clube que tem menor infra-estrutura entre os clubes da capital, não é o Náutico com certeza. Vale salientar que o clube juntamente com o Sport possui renda diferenciada, principalmente depois do acesso a série A. Já o Santa Cruz é um dos mais que precisa de assistência. Os outros dois clubes possuem renda, podem fazer planejamento e reformar seus respectivos estádios como o Sport já está fazendo, digo em relação a sua Arena que será construída. O náutico por sua vez, já tinha planos também, mas esperou o melhor momento, pois as negociações para transferências dos jogos foram feitas a muito tempo, antes de divulga-las oficialmente. O projeto apresentado pela bancada visou também a área residencial, e mesmo assim, modificando a área claro que sem afetar a população, ainda assim seria bem mais econômico do que a cidade que estão construindo no valor de 1,5 bilhão. Deixaram de valorizar uma área que é preciso de auxílio. Bairros como, Água Fria, Fundão... Ajudando a população das localidades carentes. A economia e comércio, enfim... Fora que ali teria uma imagem renovadora e o conceito da população recifense mudaria em relação aos bairros.
Tá muito bem preparada mesmo hein rsrs boa resposta...
ResponderExcluirEdinaldo, querido...
ResponderExcluirPesquisei bastante. Não fui logo tendo esse pensamento crítico. Queria entender se era viável a construção da Arena em São Lourenço. E foi assim que obtive essa resposta. :)
Muito bem Sabbahana, Excelente matéria, apenas alguns pontos que devem ser exclarecidos, mas você escreve muito bem!
ResponderExcluir1º Eu gostaria de que você informasse a fonte onde tem escrito 20 milhões de pessoas e 90% do PIB Nordestino, isso se refere a Pernambuco? Segundo o NE10 http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/nordeste/noticia/2011/04/29/ibge-populacao-de-pernambuco-cresceu-um-milhao-de-habitantes-269043.php Baseado no Censo demográfico Pernambuco beira os 9 milhões de Habitantes, e 90% do PIB é algo muito exagerado.
2º Os argumentos de Eduardo Campos são horríveis mesmo. Mas a proposta de urbanização e ampliação da Região Metropolitana do Recife a partir da criação de um estádio, com escola técnica, shopping e tudo mais. O problema todo se chama superfaturamento das obras, mais de 1 bilhão é algo absurdo, você poderia escrever sobre superfaturamento das obras na copa daria uma excelente reportagem!
3º A localização do arruda é o que quebra para que ele não receba a copa, séria ótimo, já que as áreas de favelas representas pelo grupo dos excluídos de nossa sociedade, passariam por um processo de urbanização e moradias de qualidade, o problema é o acesso, que é inviável para uma copa do mundo, a avenida beberibe e a avenida professor josé dos anjos não tem condições de receber um fluxo de carros em nível de um campeonato mundial.
4º Parabéns pela iniciativa, mais uma vez quero dizer que você escreve muito bem, além de ser essa belezura toda kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
1) Essa fonte de 20 milhões de pessoas e sobre o PIB corresponde à totalidade das sete capitais nordestinas – Recife, Fortaleza e Salvador como metrópoles e em seguida, Natal,
ResponderExcluirJoão Pessoa e Aracaju que forma o complexo conjunto regional de potência na economia Nordestina.
2) Com certeza, vou analisar melhor esse tema de faturamento, e logo escreverei. :)
3) Existe projetos realizados debatendo sobre o fluxo se a sede fosse no Arruda. O que faz eu ir sempre na mesma tecla, é que o montante de dinheiro usado, “1,5 bilhão” para construção dessa cidade em São Lourenço, daria e sobraria se fosse colocado em pauta para o condicionamento da estrutura do local onde seria a Arena Coral, no caso o Arruda e suas redondezas.
4) Obrigada mesmo. HAHAHAH, pelos dois elogios. Abraços!
PQP, tu é foda!
ResponderExcluiré muito linda, preparada...
o sonho de todo homem isso sim, fofah!
ricardinho
mandei DM pra vc linda!
Li e gostei...infelizmente o Gov.PE optou em construir um novo Engenhão. abs!
ResponderExcluirMuito boa. Curti no Face. Não entendo de jornalismo, mas, como leitor, me agradou.
ResponderExcluirMe desculpe Mateus Costa mas você demonstrou total desconhecimento no tema Copa do Mundo em PE. Devido a sua história e principalmente à sua situação atual, o Santa Cruz é o clube com maior necessidade de ajuda muito mais pela região pobre em que esta inserido, devido a falta de investimentos públicos na infra-estrutura daquela região marcada pela pobreza.
ResponderExcluirAí vem a pergunta. Pra quê gastar um absurdo no meio do nada e abandonar uma região que historicamente necessita de infra-estrutura?
Essa sua visão excludente em relação às favelas do Arruda só explicita sua falta de conhecimento em um projeto que poderia ser de inclusão social para àquela região.
Aposto que para reurbanizar todos os bairros nos arredores do Arruda, incluindo a requalificação dos acessos e a reforma do estádio, com a construção de edifício-garagem para 3.500 carros (incluso no projeto Arena Coral) não se gastaria um terço do que vai ser desperdiçado com o Elefante-Branco.
Projetos como os Parques Olímpicos de Barcelona e Londres, visaram justamente a requalificação de áreas degradadas dessas cidades, transformando o lixo arquitetônico em cartão postal.