sábado, 14 de setembro de 2013



Rock in Rio é apenas o nome do evento?
Saiba mais sobre a origem e entenda sua colocação





Os defensores do Rock in Rio se posicionam em suas redes sociais para esbravejar sua insatisfação com os comentários dos outros internautas criticando a essência perdida do evento.  O trunfo é dizer que a palavra "Rock" significa “balançar e rolar” e consequentemente seria possível agregá-la a uma forma generalizada que abrangesse todos os outros estilos. O problema é que essa definição está inserida fora do contexto histórico.

Embrião da cultura negra por sua estrutura rítmica com ramificações do blues e seus derivados e na música branca principalmente no jazz e country, o rock surge como uma mistura explosiva. O significado dessa expressão usada pelos negros americanos em suas músicas quando se referiam ao ato sexual foi de onde se originou o termo que conhecemos e o define como gênero consolidado em suas guitarras elétricas.

A colocação errônea em categorizar o gênero como uma bandeja de oferecimentos dos demais estilos faz com que sua história seja descosturada a ponto de deixar desintegrar-se. Assim, é a maneira abordada nas edições recentes do festival Rock in Rio.

Na primeira edição Ney Matogrosso apresentou-se, mas a inocência de quem tem essa opinião é não saber que na época o cantor fazia parte da banda “Secos e Molhados” na década de 70, que por sua vez tinha uma pegada de rock progressivo. Alceu Valença que combina elementos de música folclórica e rock também foi chamado para o festival.

Se for analisar a “dedo” a programação do festival na década de 80 é perceptível uma real identificação dos nomes artísticos com o que o evento se estabelecia.  
Afinal, o projeto só deu ponta pé inicial depois do espetáculo que as bandas KISS e Van Halen realizaram no estádio do Maracanã levando 250 mil pessoas ao delírio.  Então, o empresário Roberto Medina teve a ideia de organizar um festival em que o rock predominasse repercutindo com nomes de peso como: AC/DC, Iron Maiden, Ozzy Osbourne, Queen, Scorpions, Whitesnake e Yes.  Além de atrações nacionais como: Alceu Valença, Barão Vermelho, Blitz, Eduardo Dusek, Elba Ramalho, Erasmo Carlos, Gilberto Gil, Ivan Lins, Kid Abelha & Os Abóboras Selvagens, Lulu Santos, Moraes Moreira, Ney Matogrosso, Os Paralamas do Sucesso, Pepeu Gomes & Baby Consuelo e Rita Lee.

Um divisor de águas ao longo da história do Rock in Rio transpareceu no imenso intervalo entre a segunda e terceira edição. O público brasileiro já não era tão carente.
Grandes festivais e grandes turnês passaram pelo país, levando os apreciadores da música em geral aos gritos. Entre 1994 e 1998, o festival inglês Monsters of Rock teve quatro edições brasileiras. Bandas do calibre de Alice Cooper, Dream Theater e Slayer aterrisaram em solos nacionais deram verdadeiras aulas de como se faz um concerto de rock. O já conhecido Hollywood Rock deu o ar de sua graça por cinco anos consecutivos, entre 1992 e 1996. Em uma destas edições, após anos de espera, finalmente os Rolling Stones tocaram para o público brasileiro. Ainda como atrações  do Hollywood Rock, passaram por aqui bandas como Nirvana, Smashing Pumpkins, Aerosmith e a dupla Jimmy Page & Robert Plant. Por esse motivo que na terceira temporada surgiram outros espaços, voltados a apresentações segmentadas por estilos, como música eletrônica, música africana e música pop.

Anos se passaram e a identidade se perdeu com o tempo sendo alcançada por uma marca de caráter comercial.  Não era mais determinante a seleção das bandas pelo gênero musical, mas sim por sua popularidade e repercussão. O rock já não estava tendo audiência para ultrapassar as músicas populares, então o que restou foi escantea-lo. O fato é que para esses outros estilos, o espaço de propagação é atuante com mais facilidade. O que se entende, é que falta essa inserção do rock na mídia. A nova geração não pode perder o contato com dinossauros que marcaram um dos estilos mais revolucionários e gritantes do enredo da música.  






8 comentários:

  1. disse tudo, texto muito bem elaborado com informações fidedignas :D

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  2. sabe quando leio um texto e sei que ali teve uma pesquisa, que a pessoa escreveu em estado de amor com o que faz, pronto, esse é um exemplo desse texto, história pura, eventos que nem sabia que existiu , enfim, esse sonho já virou realidade faz tempo.

    abraços.
    www.oquefaltou.com

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  3. Eu achei sua opinião certa, desde o inicio a programação era ser Rock... Mas a questão da origem ao nome é a desculpa para todos introduzirem os outros estilos musicais.. E se tornou algo comercial mesmo! As bandas que representam o Rock, Heavy Metal nacional que em outros países tem um grande reconhecimento.
    Eu concordo com varias coisas que você citou!
    Abraços!

    @hellarise

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  4. Eu também penso como você, não muda nada. Fico indignada que bandas de peso na cena do Rock, Heavy Metal, que tem aqui no Brasil não é valorizado colocam no palco sunset! Bandas que fora do país é bem reconhecidas!
    Tudo se tornou comercial, todos só querem aqui que está na moda... Isso é uma pena, mas no Brasil é assim!

    @_hellarise

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  5. Achei o texto super interessante, mas acho que como o evento é no Brasil tenho que comentar que se deve mostrar um pouco do nosso ritmo, que se fez presente na apresentação da Ivete.

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  6. Interessante o texto e vale uma reflexão sim. Concordo que a essência não deve ser perdida, onde o ROCK tem o seu maior espaço, bem como as bandas de fora.
    A questão é que as atrações atuais que desmistificam um pouco a grade do trivial que era mais predominante, essa, agrada uma maioria que nem ao menos existia, que são bandas brasileiras que merecem o espaço dado nesse evento, desse porte.
    Concordo com a "Amigas" acima, Ivete Sangalo arrasou na apresentação, e quem acompanha a carreira dela, como eu, sabe que ela super merece! Acredito que temos sim, artistas com mega potenciais e devem ser mostrados ao mundo através dessa maravilhosa vitrine que o RIR representa!

    Bjos

    http://thaiscavalcantemodaebeleza.blogspot.com.br/

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  7. Sou um pouco eclético, mas penso que show de rock, só tem que tocar rock, desculpa essa é minha opinião bjos

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  8. Demorei, mas cheguei! ;) Obrigada pelo convite!

    "Anos se passaram e a identidade se perdeu com o tempo sendo alcançada por uma marca de caráter comercial. Não era mais determinante a seleção das bandas pelo gênero musical, mas sim por sua popularidade e repercussão. O rock já não estava tendo audiência para ultrapassar as músicas populares, então o que restou foi escantea-lo. [...] O que se entende, é que falta essa inserção do rock na mídia. A nova geração não pode perder o contato com dinossauros que marcaram um dos estilos mais revolucionários e gritantes do enredo da música." Aqui você retrata bem o cenário atual do rock. Se formos observar a quantidade de pessoas ("roqueiros") presentes nos dias em que, efetivamente, rolou rock e pesado, perceberemos que o rock não morreu e que ele não precisa da mídia para "propagá-lo", ele existe por si só, e por isso mesmo vende. Não é preciso apelo, não é preciso propaganda; quem curte rock é fiel seguidor (mesmo gostando de outros ritmos), e sabe bem onde encontrá-lo.

    Sim, o Rock in Rio perdeu seu propósito ao emprestar seu nome à bandinhas do momento, ao apelo popular generalista. Claro que é importante mostrar novos sons, inovar; no entanto, deveria manter-se como evento de rock e assim promover mix com outros estilos, como por exemplo o Sepultura faz, mistura heavy metal com percussão...

    Há muita banda, inclusive no Brasil, de rock e dos bons. O Rock in Rio seria um excelente evento para dar-lhes espaço...

    Bom, é só a minha humilde opinião. Não entendo nada de música, mas gosto de dar pitacos. Afinal, o que faz bem aos ouvidos, faz bem pra cabeça e deve ser compartilhado! ;)

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