terça-feira, 14 de janeiro de 2014
O novo carro da Fórmula I é Recifense: Dale Linha do Tiro!
Tiro ao alvo por parte dos militares. Não estamos em 1887, mas parece que o ônibus Linha do Tiro, sabe bem da história do bairro pertencente ao seu terminal. Ah, deve ser por isso que passa com tanta rapidez pela parada. Parece até bala de espingarda.
Você acha que o tiro não é certeiro? Engano seu. Não mata, mas queima. Passa de raspão. A parada é uma das vítimas. Um dos companheiros sofredores, ao invés de correr, já que se tratava de “vida ou morte”, olha para os lados e diz tranquilamente:
- Acha que vou estrebuchar correndo atrás deste peste? Não quero ficar suado e chegar catinguento para o trabalho (como se ele não fosse chegar assim, depois que enfrentasse a saga do amontoado de pessoas).
Eu pensei que o homem que aparentava ter uns 40 anos iria ao menos xingar, como os outros. Que nada! Existe maluco pra tudo nessa vida.
53 minutos de espera na Avenida Beberibe. Minha maratona só estava começando. De repente... Lá estava vindo, com a mesma velocidade já citada anteriormente. A moça perto do meio fio se atirou na rua e berrou:
- Queima essa porra agora. Vai! Vou pegar a placa desse infeliz!
Uma morena (sim, era morena. Se fosse negra, parda, branca ou azul seria descrita como tal), de cabelos cacheados e com vestimentas de que iria trabalhar. Depois do escândalo, olhou para mim como se quisesse matar alguém. Viramos selvagens nos pontos de espera de ônibus. Cada um só procura uma presa inofensiva para descarregar o estresse da espera.
Quando parou (normalmente alguns metros depois da parada – mania escrota), a estressada logo foi empurrando todo mundo. Nos degraus, o motorista observava a cena com óculos Ray Ban (aviador, lógico) e quando me viu, deu uma risadinha no canto da boca.
Fingi que não era comigo. Tinha que me preparar, pois logo teria, mais uma que tinha que enfrentar: busão lotado até Santo Amaro. Esmagada pela catraca, tentei fazer uma manobra com o corpo para conseguir chegar até a porta traseira.
Ninguém conseguia se segurar. O piloto de fórmula 1 corria demais. O cobrador começou a rir e cantarolar a música tema da vitória do falecido piloto “Ayrton Senna”. Nas esquinas, virava de uma vez. Quando alguém puxava o famoso cordãozinho “parada desce”, ele ignorava e por muitas vezes continuava a brincar de pega-pega com um companheiro de outra linha. Daí, a galera começou a gritar.
- Seu cretino, quer matar todo mundo é?
- A gente paga R$ 2,15 por essa porra?
- Vou ligar pro Grande Recife pra dá um jeito nessa joça!
As pessoas caiam por cima de mim e os maloqueiros pendurados nas portas brechavam uma oportunidade para tentar arrombar. A cada momento em que a parada se aproximava, eu ficava mais tensa. Até que chegou a vez dele brincar comigo. O velhinho que também iria descer notou a malandragem do sósia do Reginaldo Rossi (o motorista) e antes que eu pudesse expressar qualquer reação, deu várias batidas e chutes na porta. Quando descemos, os tais “maloqueiros” ajudaram o vovô que agradeceu e tocou no meu ombro dizendo:
- A gente tem que forçar a barra pra esse cara se mancar!
- Verdade. Obrigada pela ajuda.
Desci apressadamente do ônibus e quando dei por mim, o piloto descontrolado já tinha ido embora.
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